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O Presidente norte-americano, George W. Bush, em seu discurso proferido em 23 de janeiro passado, propôs a redução do uso de gasolina em 20% nos próximos dez anos, reduzindo, assim as importações em três quartos, e ajudando a confrontar o sério desafio da mudança climático global (efeito estufa). Para isso, será necessário aumentar o fornecimento de combustíveis alternativos que irão exigir uma mistura de 35 bilhões de galões, ou sejam, cerca de 133,0 bilhões de litros, de combustíveis renováveis e alternativos até 2017.

Atualmente, os americanos produzem 18,0 bilhões de litros de álcool, utilizando o milho, como matéria prima. A área total plantada em milho em 2006, foi de 31,95 milhões de hectares. Desse total, para produzir os 18,0 bilhões de litros de álcool, foram necessários cerca de 6,55 milhões de hectares, considerando que em média cada hectare de milho, produz 2,75 mil litros de álcool.

Para se atingir a produção de 133,0 bilhões de litros de álcool em 2017, será necessária uma produção adicional de álcool de 115,0 bilhões de litros de álcool. Considerando a produção média de 2,75 mil litros de álcool por hectare de milho, será necessário o plantio de uma área adicional de 41,82 milhões de hectares, ou seja, 30,9% a maior que a área de 31,95 milhões de hectares, atualmente plantada em milho, totalizando uma área total de 73,77 milhões de hectares, até 2017. Este é o quadro para atender a proposta do Presidente americano.

A repercussão no Brasil, desta proposta do Presidente americano, é bastante positiva, uma vez que o aumento da demanda de álcool nos Estados Unidos, com reflexo em outros paises, deverá transformar o álcool em commodity internacional.

Extrapolando para o Brasil, considerando que o nosso Presidente Lula apresentasse proposta semelhante, alterando, somente, o prazo de implantação, passando de 2017 para 2027, destinado a atingir a produção de 133,0 bilhões de litros de álcool, os números seriam, aproximadamente, os seguintes:

– considerando que, atualmente, no Brasil a produção de álcool por hectare é de 6,4 mil litros de álcool;

– considerando que, com a produção atual de 18,0 bilhões de litros de álcool, a área utilizada para a produção do álcool é de cerca de 2,8 milhões de hectares;

– considerando que, para uma produção adicional de 115,0 bilhões de litros de álcool (133,0 bilhões – 18,0 bilhões), será necessária uma área adicional de 17,9 milhões de hectares. A disponibilidade para expansão agrícola é superior a 90,0 milhões de hectares, conforme levantou a Embrapa, sem nenhum impacto ambiental negativo;

– considerando que, para dimensionar o mercado, vamos estimar, que para a produção adicional de 115,0 bilhões de litros de álcool, utilizaremos usinas com capacidade de moagem de 2,0 milhões de toneladas de cana por safra, produzindo 160,0 milhões de litros de álcool por safra.

Por estes números, seria necessária a construção de 719 usinas de álcool até 2027, equivalente a 3 (três) usinas por mês.

Os investimentos seriam da ordem de US$ 100,0 bilhões, aportados, principalmente, pela iniciativa privada.

O número de empregos diretos ultrapassaria a 3,0 milhões de pessoas, e os indiretos adicionais cerca de 8,0 milhões de empregos.

Com esta proposta, o Brasil poderia eliminar totalmente a gasolina da matriz energética, contribuindo para a redução do efeito estufa, e teria condições de exportar o excedente, garantindo um crescimento sustentado do setor pelos próximos vinte anos.

Por isso, o país terá condições de ser um grande fornecedor mundial de álcool e as razões dessas condições podem ser explicitadas:

– reconhecida capacitação nacional, quanto à produção de biomassa, que já é uma das atividades mais desenvolvidas internamente;

– por uma série de condições naturais, relacionadas ao clima, temperatura, formação e característica do solo, nível e tempo de insolação, recursos hídricos e intensidade pluviométrica;

– o estágio tecnológico aplicado a essas atividades, os recursos humanos e a capacidade de gestão;

– a significativa capacidade de crescimento anual da área agrícola, de gigantescas dimensões, sem paralelo em nenhum outro país. O Brasil tem uma área de 851,0 milhões de hectares, com um potencial para agricultura de 376,0 milhões de hectares;

– a capacidade da indústria de equipamentos, que está preparada para atender os estágios necessários deste crescimento.

Acreditamos que uma proposta desta magnitude, não receberá críticas como está recebendo o PAC, pois ao Governo, somente, caberão os investimentos necessários para a logística destinada ao escoamento do álcool, tanto para o mercado interno com para a exportação.

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