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Movimento liderado pela Fiesp pelo fim da CPMF já tem mais de um milhão de assinaturas e pode obrigar o governo a, no mínimo, rever as alíquotas

Quando lançou o site www.soucontraacpmf.com.br, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, viu sua iniciativa ser chamada de inútil e quixotesca. Pouca gente iria se manifestar contra a prorrogação da vigência do imposto. Afinal, diante da confortável maioria que o governo detém na Câmara, a aprovação da emenda constitucional era líquida e certa. Na melhor das hipóteses, a entidade paulista marcaria sua posição. Nada mais. Apesar do pessimismo, Skaf foi em frente na sua cruzada contra a CPMF. "A sociedade brasileira não aceita mais aumento de impostos. O governo que gaste melhor e tire menos do trabalhador", conclamou. Os fatos mostram, agora, que ele tinha toda a razão. Mais de um milhão de pessoas já aderiram à campanha da Fiesp (até a quinta-feira 23, havia exatas 1.027.850 assinaturas). É muito forte a pressão sobre os parlamentares, por meio de e-mail e cartas. Em todo o País, cresce a mobilização. A opinião pública repele a sobrevida da contribuição provisória criada às pressas em 1996 para resolver problemas do Sistema Único de Saúde. Até a ex-diretoragerente do FMI, Anne Krueger, em rápida passagem por São Paulo, engrossou o coro dos descontentes: "A CPMF é um dos piores impostos que existem." As críticas começam a surtir efeito. Na semana passada, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, alertou o governo de que a tramitação da prorrogação da CPMF até 2011 não será tão fácil quanto se imaginava e sugeriu concessões.

Segundo pesquisa da Arko Advice, 69,23% dos deputados são a favor de uma alíquota regressiva. Assim, a alíquota atual de 0,38% seria reduzida para 0,28% no ano que vem, 0,18% em 2009 e 0,08% em 2010, quando o imposto se tornaria apenas um mecanismo de fiscalização de movimentação financeira. Outra hipótese em discussão é a partilha da CPMF entre União, Estados e municípios. Para a Fiesp, porém, isso é inaceitável. "Essa é a pior idéia. Se houver o fatiamento, aí sim a CPMF vai se eternizar", afirma Paulo Skaf. Nas contas da Fiesp, o governo deve sair vitorioso na Câmara. Mas enfrentará forte oposição no Senado. A bancada do DEM, por exemplo, já fechou questão e o PSDB caminha no mesmo sentido. Alguns senadores do PMDB também prometem votar contra a emenda constitucional. A Fiesp está bastante otimista. E Skaf aproveita para responder na mesma moeda os ataques que recebeu, ou seja, citando o Dom Quixote, de Cervantes: "O sonho de um é apenas um sonho. O sonho de muitos é realidade."

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