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Brasil, o país eternamente gripado, por Erick Gomes

Muitos de vocês vão achar estranho termo Brasil Gripado? O que tem a ver? O país está quebrado, isso sim. Estamos passando por um momento ao menos singular, uma presidente que ganhou a eleição mas não a levou, e que ao invés de consertar ou curar o país continua dando os mais amargos remédios ao invés de resolver nossa situação.

Muitos querem a nossa presidente fora do governo, pois sua incapacidade administrativa e de seus ministros é assustadora. Todos, na sua maioria, pessoas que estão onde estão por uma simples questão de divisão política de cargos, uma vergonha escancarada e aberta para todos.

Tenho 39 anos e mesmo não lembrando de todas já passei por várias crises. Em todas, acontece a mesma coisa no Brasil: o crédito internacional seca, o dólar dispara, o desemprego vem com força, taxa de juros sobem e nós pagamos a conta. Ninguém modifica a estrutura para que novas crises não nos afetem desta maneira.

Muitos de nós temos de acordar cedo e trabalhar para pagarmos nossas contas ou buscarmos melhorar de vida, digo alguns, pois há outros que preferem depender do Bolsa Família e, portanto, não precisam correr atrás do peixe, ele é pescado e dado sem esforço.

Voltando ao assunto principal, temos de trabalhar, mas poucos sabem que fora o salário recebido pelos funcionários, muito merecido por sinal, há um valor que os mesmos não conseguem ver e vai direto para o bolso do governo, para bancar estruturas arcaicas e que deveriam ser alteradas com urgência. Não é justo a iniciativa privada ter de bancar o rombo do INSS que foi feito com pagamentos de pensões integrais para funcionários públicos e militares. Não é justo nem correto o governo alterar agora a suposta desoneração da folha que foi implantada há dois anos e agora voltar com força total.

Outra parte arcaica e antiga é a multa sobre o fundo de garantia, o famoso FGTS, que as empresas pagam na necessidade de dispensar funcionários. Essa multa é de 50% sobre o saldo do FGTS adquirido na empresa, mas o funcionário fica somente com 40% e os outros 10%, os quais deveriam ter sido abolidos no ano passado, pois foram implementados exatamente para cobrir um rombo do FGTS, agora será destinado ao Minha Casa Minha Vida. Aqui faço uma pergunta: o que as empresas têm a ver com planos habitacionais do governo? As empresas têm, no meu ponto de vista, é que gerar emprego e ser capaz de pagar salários em dia.

Se, ao invés de pagarmos 50% de rescisão aos funcionários, diminuíssemos este custo, poderíamos voltar a concorrer com países como Alemanha e Itália, que hoje conseguem produzir equipamentos mais baratos que o nossos devido à sua constância jurídica na área trabalhista. No quesito matéria-prima somos ricos em minério de ferro e riquezas naturais, e quem nunca foi questionado na escola os porquês de nosso país não conseguir exportar produtos acabados, com agregação de valor ao invés das famosas commodities? Por essa razão, nossos funcionários são caros. Isso não quer dizer que recebem muito. Boa parte de seus custos são valores que eles nem veem porque são destinados para o governo em forma de tributo e imposto.

Acho que chegou a hora da sociedade mudar seu pensamento. Teremos de abrir mão de algumas questões se quisermos resolver nossa gripe, realizar reformas fiscais e trabalhistas com urgência e, para isso, mudar algumas bases da nossa sociedade atual. Só assim conseguiremos garantir o emprego no futuro. Se continuarmos nos moldes atuais, as empresas serão obrigadas a investir cada vez mais em automação e diminuição da mão-de-obra. O Brasil precisa e vai sair dessa, só precisamos saber como.

 

Erick Gomes é diretor do Simespi (Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras) e sócio-proprietário da Danpower. 

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